Histórias de superação acontecem todos os dias e em todos os lugares, inclusive na odontologia. Às vezes, o que deveria ser simples e comum (como estudar, se formar e ter a profissão que sempre se quis) vira uma verdadeira luta diária. Esse é o exemplo de Karine Guimarães.
Da região de Santo Amaro, zona sul da capital paulista, de família simples, Karine aprendeu a valorizar os estudos com sua mãe. “De oito irmãos, ela é a única que tem formação universitária e sempre quis isso para seus filhos”, conta.
O dinheiro da família, então, era para pagar o estudo dela e dos irmãos; passeios, viagens e restaurantes ficaram sempre em segundo plano. Mesmo para entrar no cursinho preparatório, Karine precisou fazer várias provas até conseguir o desconto que cabia no bolso de sua mãe.
“Consegui entrar para a UNESP de São José dos Campos com 19 anos, mas não pude seguir, pois precisava trabalhar para me bancar, então estudar no período integral no interior era inviável”. Em 2003, conseguiu passar na FUVEST e entrar para a USP, em São Paulo. “Eu nem sabia onde ficava a faculdade. Foi uma grande emoção entrar pela primeira vez na Cidade Universitária”, conta.
Durante a faculdade, Karine trabalhava dando aulas de biologia em um cursinho para bancar o alto custo dos materiais. O resultado da dedicação veio depois de seis anos da graduação: formou-se como a primeira da turma e ainda recebeu uma placa de reconhecimento do CRO de São Paulo, pelo seu esforço. “Esse prêmio representa a concretização de todo amor que tenho pela minha profissão e vontade de compartilhar tudo que aprendo”, diz.
E era só o começo. Logo após se formar, foi aprovada no mestrado em Microbiologia na USP e conquistou uma bolsa de estudos de 100%, além de uma bolsa da Fapesp, para ajudar nos custos extras. “E não queria parar por ali, queria ser especialista em endodontia”, conta.
Foi quando bateu o sufoco financeiro novamente. “Tive que dar dois cheques, um para a matrícula e outro para a primeira mensalidade, nem sabia como conseguiria pagar! Mas pelo resultado da prova e por toda minha história, recebi ajuda de um professor e consegui a bolsa”, diz. Foram mais dois anos de estudo.
Karine passou a trabalhar na clínica de sua professora de prótese e, depois, a lecionar. “Uma das minhas maiores paixões hoje é poder participar da formação de tantos alunos e ver seus esforços valerem a pena, assim como o meu próprio esforço valeu, para realizarem o sonho de ser dentista”, diz.
Hoje, professora de Endodontia e Microbiologia na faculdade de Odontologia, Karine olha para trás e se emociona, dando apenas um conselho: Não desistam dos seus sonhos.
“Acreditar que o estudo poderia me trazer realização transformou minha vida, assim como um sorriso transforma o dia de uma pessoa. Façam todo o esforço possível para se tornarem esses profissionais tão importantes para a saúde de todos”, conclui Dra. Karine, entre uma e outra lágrima de alegria.
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